<1 de mai. de 2007

Mães da Praça de Maio



completam 30 anos de luta


As Mães da Praça de Maio completam nesta segunda-feira 30 anos de uma luta iniciada para encontrar seus filhos desaparecidos na violenta ditadura argentina (1976-83) e que prosseguiu na democracia, ao levar seus lenços brancos a todo o mundo como símbolo de resistência e demanda de justiça.

"A Praça de Maio tem uma força centrífuga. Esta luta nos deu uma dimensão que ninguém esperava, nem nós mesmas",

revelou Hebe de Bonafini, presidente da Associação das Mães da Praça de Maio, em entrevista durante a passeata semanal de número 1.562.


Muitos anos antes, em 30 de abril de 1977, quando se intensificava o terrorismo de Estado, 14 mulheres se reuniram na Praça de Maio para reclamar seus filhos desaparecidos, o que, com o tempo, seria encarado como ato de coragem fundacional da organização.
Essas donas-de-casa que deixaram suas cozinhas para empreender a busca de seus filhos não imaginavam então que o número de desaparecidos chegaria a 30 mil, segundo os organismos humanitários, nem desconfiavam do longo caminho que iniciavam.
"Nós acrescentamos um sentido à maternidade, a socializamos", explicou Bonafini, 79 anos, com dois filhos e uma nora desaparecidos.

Do simples ato de entregar uma carta ao Papa João Paulo II até abrir processos judiciais na Alemanha, França, Itália, Espanha, entre outros países europeus, as Mães da Praça atravessaram com seus lenços brancos fronteiras do mundo inteiro.

A iniciativa de se reunir na Praça de Maio para ser ouvida pelo ditador Jorge Videla, que ocupava a Casa Rosada (sede de governo) desde 24 de março de 1976, foi de Azucena Villafor De Vicenti, seqüestrada em 10 de dezembro de 1978 e jogada de um avião militar em alto-mar.
Seu corpo foi devolvido ao litoral pelas águas e foi enterrado sem identificação em um cemitério local, mas o relato de testemunhas permitiu que seus restos fossem exumados e identificados em 2005 e simbolicamente sepultados na mesma Praça de Maio.

O regime militar primeiro reagiu com surpresa, depois as chamou de 'as loucas da Praça de Maio', e, à medida que as concentrações foram se tornando mais numerosas, reprimiu e perseguiu as mulheres que cobriam as cabeças com lenços brancos.


De Vicenti e outras mães foram vítimas diretas do ex-capitão Alfredo Astiz, o Anjo Louro da Morte, que as identificou depois de se infiltrar na organização como o suposto irmão de um desaparecido. "Julgamento e castigo para todos os culpados'", gritavam as mãe então. Hoje elas clamam que "A fome é um crime" e reclamam "Distribuição da riqueza já" e mantêm uma universidade, uma rádio, uma biblioteca, além de promover a construção de moradias humildes, entre outros sonhos tornados


Neste domingo realizaram homenagens pela primeira vez os pais dos desaparecidos, e também foi realizado um espetáculo musical com a participação do cantor cubano Pablo Milanés e da argentina Teresa Parodi, entre outros artistas locais e estrangeiros. - As Mães são um dos grandes símbolos da humanidade. Para mim é uma honra estar aqui, disse Milanés. -


Agradecemos a todos os que nos acompanharam nestes anos.


Para nós, este é um dia de alegria e nos dá forças para continuar com nossa luta, afirmou a presidente das Mães da Praça de Maio Linha Fundadora, Nora Cortiñas.


Um outro setor em que as Mães se dividiram, dirigido por Hebe de Bonafini, realizará nesta segunda-feira sua própria cerimônia na Praça de Maio, onde terá outro festival de música e serão entregues distinções para colaboradores da entidade, entre outras atividades. De acordo com cálculos oficiais, 18 mil pessoas desapareceram durante a ditadura militar, apesar das organizações humanitárias e dos familiares afirmarem que o número de vítimas é de 30 mil pessoas.


Elas caçam seus mortos e nós caçamos as indenizações!!!!


texto



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1 Comments:

Blogger ana b. said...

humm... café, claro, pq não, se eu tiver uma brecha qq...!!!
ah, posso copiar seu poema da cora? achei liiindo!
onde vc acha essas coisas?? rs
bjs

1:39 AM  

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